O vento sopra frio lá fora, mas minha alma incrivelmente está aquecida. Durante muito tempo, só consigo perceber agora. não tenho certezas. aliás, é o que menos tenho agora. mas consigo perceber uma luzinha, bem fraca, na direção do sol. parece que ele não me visitava fazia tanto tempo. e não poso me queixar, mas já tinham me dito. já tinham me avisado, me xingado. me batido na cara. e só conseguia chorar e ficar com mais e mais dúvidas a respeito de tudo, inclusive de mim mesma. e agora parece tudo tão mais quente, mais familiar, mais pessoal, mais coração. as reviravoltas me rodeam, o ano inteiro de mudanças, das boas. a tempestade vai longe. satisfação. não com as situações, comigo. sorriso de dentro da alma. incontrolável felicidade pela vida e pelas coisas boas que acontecem quando se está de bem consigo. mesmo que nem tudo dê certo. mesmo que os sonhos custem a se realizar, mesmo que as escolhas nem sempre sejam as mais certas, quero pedir pra mim mesma que não volte a ser quem eu estava sendo.
está tão bom me reconhecer na minha pele, nos meus lábios largos, no brilho dos olhos em plena manhã de uma segunda feira. é tão bom a vida ter aroma, ter cores, ter sons, ter gosto doce. não sei onde me escondi esse tempo todo, mas é tão bom me reencontrar. todo dia de manhã é um novo jogo, onde ele tenta se esconder e eu tento me mostrar. e vamos medindo força até eu ganhar. até eu ficar feliz de novo. até eu me emocionar com uma simples música no rádio. até eu perceber que estou no caminho certo. medo de novo, do novo, do desconhecido, do conhecido, do preconceito, do inédito, da esperança, da desilusão, dos amigos, da família, do meu coração, dele, deles, das coisas que a vida teima em fazer pra me mostrar os caminhos possíveis. sim, sempre há mais de um, a gente é que joga fora. mas não quero jogar nada fora, não quero perder um minuto, um instante, uma boa notícia, um olhar que diz não. quero não perder tempo com coisas tristes, quero ser feliz. como há tanto tempo tinha me esquecido de que queria.
olhar no espelho também dá raíva, dá medo, dá pena, dá dúvidas, dá certezas, dá tristeza, dá sensação de incompreensão de mim mesma. mas depois de saber quem se é e perceber o tamanho da vontade de ser feliz, nada pode ser como antes. nada..